O Beijo da Palavrinha

Dinâmica de leitura do Livro "O Beijo da Palavrinha" de Mia Couto


O Beijo da Palavrinha é um livro da autoria do escritor Mia Couto, está integrado nas metas curriculares do 4.º ano e nas listas de livros recomendados pelo Plano Nacional de Leitura.


Os pais cá de casa foram desafiados a contarem esta história na biblioteca da escola, para as crianças do 4.º ano. Depois de lermos o livro e de nos termos emocionado com a história da Maria Poeirinha, ficamos aflitos com a ideia de dinamizar uma atividade com esta mensagem tão comovente,  para um grupo de crianças que têm entre 9 e 10 anos. Foi uma experiência muito gratificante, despertada por esta magnífica obra e pelo ambiente mágico que vivemos na biblioteca.

A história é sobre uma família que vive na África profunda e que carrega todas as dificuldades sentidas por este povo. Fala dos sonhos da Maria Poeirinha e do seu irmão Zeca Zonzo, desprovido de juízo. A menina adoece com muita gravidade e não consegue chegar a ver o mar. Já no leito da morte, quando a luz não chega aos seus olhos, é Zeca Zonzo que lhe mostra o mar, que ela consegue ver, ainda que sem o olhar.


 Este livro transporta-nos para as emoções, para a imaginação, a cumplicidade entre os irmãos.









Partimos da forma como o Zeca mostra o mar à irmã, o menino de cabeça no ar, que conseguiu que a mana quando já não conseguia ver, sentisse o mar. 

O livro de Português tem um excerto do livro que tinha sido lido na aula.  Iniciamos por uma conversa sobre as personagens e sobre Moçambique, onde se passa a história.



A cada criança foi dado um pedaço de tecido azul, que eles pensaram ser para fazer as ondas do mar... Foram convidados a vendar os olhos, de modo a apurarem os restantes sentidos, enquanto ouviam a história.



A leitura foi acompanhada de música de fundo, inicialmente com sons da savana africana, e quando o Tio chega e começa a falar do mar, a "banda sonora" mudou para o som das ondas do mar.





No fim da história as crianças permaneceram vendadas e tal como a Maria Poeirinha, os seus dedos foram guiados por um painel onde estava escrito a palavra mar






Fizemos o m com espuma de poliuretano, o a com penas e o r com pedrinhas. Cheiraram também uma alga que eles disseram cheirar a mar, a sal, a maresia...







Depois destas experiências sensoriais conversamos um bocadinho sobre as condições de vida das personagens e o desfecho da história. O mais interessante foi ver as crianças mudarem de opinião sobre o Zeca, que inicialmente identificaram como "desprovido de juízo" mencionado na obra.  


Durante a reflexão perceberam que não devemos colocar rótulos nos outros, que todos estigmatizaram o menino, não o levando a sério nem valorizando a sua ação. Afinal o Zeca, que nunca tinha visto o mar conseguiu mostrá-lo à Maria Poeirinha. Também a forma poética como viu a sua partida revelou a sua grande sensibilidade: "Eis minha mana Poeirinha que foi beijada pelo mar. E se afogou numa palavrinha."





Comentários

  1. Em primeiro lugar quero dar-lhes os parabéns pelo blogue tão familiar e educativo. A Sofia já me tinha falado há algum tempo... Adorei a abordagem que fizeram à história da Maria Poeirinha! Imagino que se tenha criado um ambiente de magia e muita curiosidade... Tenho pena ter estado ausente nesse dia, pois gostaria muito que os meus alunos assistissem.
    Obrigada pela partilha! Beijinhos para a Sofia.

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    1. Obrigada Professora Cecília!
      O material que criamos ficou na biblioteca, para poderem repetir com outras turmas.
      Boas histórias

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  2. De facto, a leitura desta história e o ambiente tranquilo, quase familiar, de afeição e amizade, que envolveu a leitura desta história, permitiu às crianças viver momentos de verdadeira interiorização de valores.
    Obrigada mãe Sandra, pela partilha.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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